2023 pode bem assinalar os 500 anos da Casa dos Bicos. Não se conhece a data da construção, o arquiteto que a projetou, nem os modelos que serviram de inspiração a uma obra assim rara. No entanto, ela é a mais célebre casa nobre renascentista portuguesa, morada do primeiro presidente do senado municipal lisboeta e um equipamento cultural de exceção no centro histórico da capital. O seu promotor foi Brás de Albuquerque (c. 1500-1581), filho bastardo de Afonso de Albuquerque (1443-1515), governador da Índia portuguesa. A família detinha o terreno desde inícios do século XVI, um talhão bem localizado na Ribeira Velha, zona nobre da cidade quinhentista. Ao redor de 1520, Brás casou com Maria Ayala Noronha, filha de um nobre funcionário do rei D. Manuel I (r. 1495-1521). A fortuna e a ilustração cultural acumuladas estiveram na origem da construção de uma casa sem aparente paralelo na Lisboa da época. A cenográfica e imponente fachada voltada ao rio pretendia ser a face mais luminosa do prestígio e da riqueza de Brás de Albuquerque e da sua notável estirpe.
Sem comentários:
Enviar um comentário