Na nossa sociedade tradicional, o bordado foi, e é, uma actividade feminina.
Desde muito cedo, as raparigas aprendiam, no seio do convívio com as mulheres mais velhas da família, os primeiros pontos. Nesta “escola”, a única a que, quantas vezes, tinham acesso, iniciavam-se também noutros saberes e segredos da vida que, aos poucos, iam desvendando.
Neste ambiente caseiro, nas longas noites de inverno passadas em torno da lareira, ensaiavam-se os pontos mais simples e os mais complexos, que se iam guardando em pequenas tiras de tecido, conhecidas como Mapas ou Mostruários. Estes exemplos serviam de referência, para um dia mais tarde serem reproduzidos em peças de vestuário e no enxoval.
De norte a sul do país e nas ilhas, escreveram-se, de forma muito original, verdadeiras declarações amorosas, nos Lenços de Amor. As raparigas casadouras esmeravam-se na sua composição, bordando um conjunto de motivos de grande simbolismo amoroso (corações, aves, pombas, albarradas, silvas etc.) que sublinhavam com versos. Depois de pronto, o lenço era oferecido ao conversado, que o deveria usar nas festas e romarias, em sinal de compromisso. Também a Camisa de Guimarães, que o noivo usava no dia do casamento, era carinhosamente bordada pela sua noiva.
Foi bordando que se enviaram mensagens, como mostra a frase que decora o Saco de Glória do Ribatejo.
Entre os trabalhos mais belos que as noivas realizaram, contam-se as Colchas de Noivado de Castelo Branco. Bordadas sobre linho de cor natural, com fios de seda frouxa colorida, evidenciam, na sua composição, uma forte influência oriental.
Mais a sul, chegam de Arraiolos os tapetes que têm existência antiga e origem desconhecida. Também nestas peças, está presente a influência oriental, na composição e na escolha dos elementos decorativos - animais, flores, albarradas - executados com fios de lã polícroma, no ponto de Arraiolos.
Do outro lado do mar, da Madeira, admiramos os bordados que entre nós mais se internacionalizaram e que maior valor económico detêm. Divulgados a partir de meados do século xix, estes trabalhos destinam-se ao vestuário feminino e à roupa de casa de uma clientela apreciadora e ávida de requinte. Hoje, como ontem, escolhem-se quase sempre os tecidos brancos, preenchidos com elaboradas composições executadas com linhas da mesma cor.
Nos Açores destacamos, por ser menos conhecido, o Bordado a Palha, onde os pequenos motivos decorativos são executados com palha fendida e fios de pita (babosa) sobre tule, criando peças de uma imensa leveza.
Hoje em dia, o Bordado que identificamos como pertencente às diferentes regiões do nosso país apresenta características específicas, que nos permitem identificar a sua origem. Fruto de uma longa evolução local, onde várias influências se cruzaram e reinventaram, o bordado é um produto cuja importância cultural ultrapassa o valor de cada peça.
Madalena Farrajota Ataíde Garcia
Desde muito cedo, as raparigas aprendiam, no seio do convívio com as mulheres mais velhas da família, os primeiros pontos. Nesta “escola”, a única a que, quantas vezes, tinham acesso, iniciavam-se também noutros saberes e segredos da vida que, aos poucos, iam desvendando.
Neste ambiente caseiro, nas longas noites de inverno passadas em torno da lareira, ensaiavam-se os pontos mais simples e os mais complexos, que se iam guardando em pequenas tiras de tecido, conhecidas como Mapas ou Mostruários. Estes exemplos serviam de referência, para um dia mais tarde serem reproduzidos em peças de vestuário e no enxoval.
De norte a sul do país e nas ilhas, escreveram-se, de forma muito original, verdadeiras declarações amorosas, nos Lenços de Amor. As raparigas casadouras esmeravam-se na sua composição, bordando um conjunto de motivos de grande simbolismo amoroso (corações, aves, pombas, albarradas, silvas etc.) que sublinhavam com versos. Depois de pronto, o lenço era oferecido ao conversado, que o deveria usar nas festas e romarias, em sinal de compromisso. Também a Camisa de Guimarães, que o noivo usava no dia do casamento, era carinhosamente bordada pela sua noiva.
Foi bordando que se enviaram mensagens, como mostra a frase que decora o Saco de Glória do Ribatejo.
Entre os trabalhos mais belos que as noivas realizaram, contam-se as Colchas de Noivado de Castelo Branco. Bordadas sobre linho de cor natural, com fios de seda frouxa colorida, evidenciam, na sua composição, uma forte influência oriental.
Mais a sul, chegam de Arraiolos os tapetes que têm existência antiga e origem desconhecida. Também nestas peças, está presente a influência oriental, na composição e na escolha dos elementos decorativos - animais, flores, albarradas - executados com fios de lã polícroma, no ponto de Arraiolos.
Do outro lado do mar, da Madeira, admiramos os bordados que entre nós mais se internacionalizaram e que maior valor económico detêm. Divulgados a partir de meados do século xix, estes trabalhos destinam-se ao vestuário feminino e à roupa de casa de uma clientela apreciadora e ávida de requinte. Hoje, como ontem, escolhem-se quase sempre os tecidos brancos, preenchidos com elaboradas composições executadas com linhas da mesma cor.
Nos Açores destacamos, por ser menos conhecido, o Bordado a Palha, onde os pequenos motivos decorativos são executados com palha fendida e fios de pita (babosa) sobre tule, criando peças de uma imensa leveza.
Hoje em dia, o Bordado que identificamos como pertencente às diferentes regiões do nosso país apresenta características específicas, que nos permitem identificar a sua origem. Fruto de uma longa evolução local, onde várias influências se cruzaram e reinventaram, o bordado é um produto cuja importância cultural ultrapassa o valor de cada peça.
Madalena Farrajota Ataíde Garcia
Dados Técnicos
Emissão / issue
2011 / 06 / 28
Selos / stamps
2011 / 06 / 28
Selos / stamps
€0,32 - 370 000
€0,47 - 160 000
€0,57 - 220 000
€0,68 - 220 000
€0,80 - 155 000
€1,00 - 170 000
Design - Sofia Raposo/ Folk Design
Design - Sofia Raposo/ Folk Design
Créditos / Credits
Selo €0,32 - Lenço de Namorado (promenor), Vila Verde; Foto - Egídio Santos
Selo €0,47 - Tapete de Arraiolos (promenor); foto Carlos Monteiro/ DDF/IMC/Museu Nacional de Arte Antiga
Selo €0,57 - Entrecama (promenor), Castelo Branco; foto Paulo Sintra/ laura Castro Caldas/ DDF/IMC/Museu Nacional de Arte Antiga
Selo €0,68 - Colete feminino (promenor), Viana do Castelo; foto Paulo Sintra/ Laura Castro Caldas/ DDF/IMC/Museu Nacional de Arte Antiga
Selo €0,80 - Toalha (promenor), Madeira; foto Instituto do Vinho, do Bordado e do Artesanato da Madeira (VBAM)
Selo €1,00 - Lenço Bordado a Palha (promenor), Açores (Ilha do Faial); foto Paulo Sintra/ Laura Castro Caldas/ DDF/IMC/Museu de Arte Popular
Blocos: Saco (taleigo) bordado a ponto de cruz, Glória do Ribatejo; foto Luísa Oliveira/ DDF/ IMC/ Museu Nacional de Arqueologia. Camisa de Noivo, Guimarães; foto Paulo Sintra/ Laura Castro Caldas/ DDF/IMC/Museu de Arte Popular.
Agradecimentos / Acknowledgments
Madalena Farrajota, Instituto dos Museus e da Conservação / Divisão de Documentação Fotográfica (IMC/DDF), Instituto do Vinho, do Bordado e do Artesanato da Madeira (IVBAM), Museu de arte Popular
Papel / paper - FSC 110g. / m2
Formato / size
selos / stamps: 30,6 x 40 mm
Bloco / souvenir - sheet - 125 x 95 mm
Papel / paper - FSC 110g. / m2
Formato / size
selos / stamps: 30,6 x 40 mm
Bloco / souvenir - sheet - 125 x 95 mm
Picotagem / perforation
Cruz de Cristo / Cross of Christ 13 x 13
Impressão / printing - offset
Impressor / printer - Cartor
Folhas / sheets
Com 50 ex. / with 50 copies
Inteiro Postal / Postal Stationery €o,32
Sobrescritos de 1º dia / FDC
C6 – 0,56C5 – 0,75
Pagela / brochure
0,70
0,70
(CTT, 2011)
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