2009 - Sobrescrito da Filatelia Caetano selado com dois selos da emissão filatélica "A herança Africana em Portugal", circulado em correio normal do Barreiro para Estoi.
Dimensões: 230 mm x 163 mm
Pays / Poste | Portugal |
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Date d'émission | 27 avril 2009 |
Thème principal | Beaux-Arts Genre humain (Habits et costumes) Histoire (Histoire des peuples) |
Sujet | Héritage africain au Portugal |
Largeur | 40.0 mm |
Hauteur | 30.6 mm |
Valeur | 0.32 € |
Nombre de timbres dans la série | 7 |
Présentation / Mise en page | feuille de 50 |
Perforations | 13 x 13 |
Autorité postale émettrice | CTT Correios de Portugal SA |
Printer | Imprensa Nacional Casa da Moeda |
As relações de Portugal com outros homens, outras culturas, outros mundos são fundamentais para o estudo da estruturação da nação, da construção das identidades, da compreensão do que somos enquanto portugueses. A África, os africanos ocupam lugar primacial nesta questão, pela duração dos contactos e natureza das formas relacionais, pela força da sua presença no imaginário português. Se cabe à História fornecer os elementos para a compreensão do passado, é nosso dever reflectir sobre como fomos aceitando, integrando, recusando, refazendo, mestiçando, o que os Outros nos deixaram, como vestígios materiais, culturais, espirituais, ou na imaterialidade dos quotidianos. A nossa história revela-nos esses vestígios, contidos de forma estruturante na organização do país. Se romanos e árabes aqui se instalaram utilizando exércitos para assegurar a colonização, tal não sucedeu com a herança africana. A longa duração da presença de africanos no país constitui elemento diferenciador essencial, inscrevendo-se os processos que geraram essa presença numa lógica diferente. Na maioria dos casos, os homens, mulheres e crianças de África não vieram de livre vontade, mas aí capturados ou comprados, eram desembarcados, como escravos, em Portugal. Despojados de tudo, marcaram fortemente a vida portuguesa, ainda que essas marcas sejam muitas vezes pouco visíveis: não construíram estradas nem monumentos, mas os nossos quotidianos revelam a presença constante dos africanos, livres ou escravos.
Estudar a singularidade desta herança é contribuir para dar a conhecer o teor de uma herança muito diversa, pouco estudada, marcada pela criação de formas sincréticas inéditas, e de uma “contra-herança” (que é também herança) traduzida na consolidação de imagens, estereótipos e preconceitos resultantes da natureza das relações entre portugueses e africanos. Se há dificuldade em entender o africano, dadas as diferenças civilizacionais, podemos verificar através de documentos a complexidade dos processos de integração/rejeição deste Outro, que participou de maneira constante nas dinâmicas de mudança da nossa sociedade. A integração de milhões de africanos no país deixou sinais na memória individual/colectiva, no imaginário e nos espaços. Se essa presença nem sempre aparece claramente delineada, um olhar mais atento revela a densidade da participação africana na organização das estruturas portuguesas: no trabalho e na produção, na língua, na religião, na festa, na música e na dança, no corpo e na sexualidade, na toponímia. Silenciosamente, as heranças africanas foram-se sedimentando em Portugal, muitas vezes sob a forma de sincretismos, evidenciando as estratégias de adequação à realidade portuguesa, mas também a adesão dos portugueses às práticas africanas. Se uns “africanizam”, outros “portugalizam”, daí resultando a criação de formas culturais inovadoras, gozando de autonomia própria e original, que marcam hoje o património português.
Isabel Castro Henriques
Estudar a singularidade desta herança é contribuir para dar a conhecer o teor de uma herança muito diversa, pouco estudada, marcada pela criação de formas sincréticas inéditas, e de uma “contra-herança” (que é também herança) traduzida na consolidação de imagens, estereótipos e preconceitos resultantes da natureza das relações entre portugueses e africanos. Se há dificuldade em entender o africano, dadas as diferenças civilizacionais, podemos verificar através de documentos a complexidade dos processos de integração/rejeição deste Outro, que participou de maneira constante nas dinâmicas de mudança da nossa sociedade. A integração de milhões de africanos no país deixou sinais na memória individual/colectiva, no imaginário e nos espaços. Se essa presença nem sempre aparece claramente delineada, um olhar mais atento revela a densidade da participação africana na organização das estruturas portuguesas: no trabalho e na produção, na língua, na religião, na festa, na música e na dança, no corpo e na sexualidade, na toponímia. Silenciosamente, as heranças africanas foram-se sedimentando em Portugal, muitas vezes sob a forma de sincretismos, evidenciando as estratégias de adequação à realidade portuguesa, mas também a adesão dos portugueses às práticas africanas. Se uns “africanizam”, outros “portugalizam”, daí resultando a criação de formas culturais inovadoras, gozando de autonomia própria e original, que marcam hoje o património português.
Isabel Castro Henriques
Dados Técnicos
Obliterações do 1º dia em:
Lisboa/ Porto/ Funchal/ Ponta Delgada
Emissão :
2009/ 02/ 26
Selos:
€0,32 – 330 000
€ 0,47 –230 000
€0,57 – 200 000
€0,68 – 230 000
€0,80 – 200 000
€2,00 – 265 000
Bloco:
Com um selo
Formato:125mm x 95mm
€2,50 – 67 000
Design: Atelier B2
Fotos: IMC/DDF – José Pessoa, Júlio Marques
Agradecimentos: Musée du Nouveau Monde, Museu Nacional de Arte Antiga, Museu da Cidade, Museu Municipal de Estremoz.
Papel: 110g/m2
Formato: 40 x 30,6 mm
Picotagem:
13 x Cruz de Cristo
Impressão: offset
Impressor: INCM
Folhas:
Com 50 ex.
Sobrescritos de 1º dia :
C5 - €0,74
C6 - €0,55
Pagela:
€0,69
(CTT, 2009)
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